Um dos principais livros de viagens da literatura portuguesa e, sem dúvida, o maior escrito no último século, “As Ilhas Desconhecidas” de Raul Brandão (1867-1930) é o relato de uma longa digressão pelos arquipélagos dos Açores e da Madeira, entre Junho e Agosto de 1924. Uma época em que as paisagens, tradições, modos de vida e costumes insulares eram ainda muito pouco conhecidos no continente. É uma descoberta fascinante de mundos longínquos, exóticos e mágicos que Brandão descreve de forma intensa, apaixonada, num estilo fortemente visual e pictórico, transmitindo-nos a atmosfera, as cores sempre em mutação, os contrastes e o espírito dos lugares, as combinações múltiplas entre os quatro elementos: ar, água, terra, fogo.
De Lisboa ao Corvo – título, aliás, do primeiro capítulo do livro – resume a trajectória essencial entre o conhecido e o desconhecido, esse desconhecido que tem como pólo magnético a mais pequena ilha dos Açores, onde Brandão vai encontrar uma comunidade absolutamente singular no seu isolamento ancestral. Mas se o Corvo parece ser o principal centro da curiosidade e obsessão do viajante, a descoberta da Floresta Adormecida (ilha das Flores), da Ilha Azul (Faial) e da ilha negra do Pico, a pesca da baleia e o ambiente fabuloso do Atlântico Açoriano, as lagoas e jardins de S. Miguel acabam por ser envolvidos num idêntico fascínio e perturbação dos sentidos, como se o mistério da Atlântida desaparecida pairasse no ar e no fogo das origens vulcânicas das ilhas.
Veja os documentários em: http://ww1.rtp.pt/blogs/programas/ilhas-desconhecidas/ [encontrarão 2 videos realizados pela RTP].
2 comentários:
Excelente! Nem de propósito - Vou aos Açores em Julho , Raúl Brandão me guie !
Vai guiar pois..
Espero que desfrute da natureza ainda em estado muito primitivo, em alguns sitios. Outros nem tanto, é o efeito da evolução.
;)
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