19 de maio de 2008

De volta ao alentejo..


(...) Gosto mais do Alentejo,
(...)

Onde nasceu o meu amor por ele!

Gosto do meu Alentejo – Tragédia!

Imenso, quente e nu!

Gosto da sua terra de barro

Da cor da carne viva!

Gosto de ouvir dizer

Chaparro, tarro, seara,

Almeara, restolho,

Palavras musicais

Fortes, gostosas,

Que o alentejano diz arrastando


Como se arrasta a saudade,

E a ansiedade da sua alma

De homem solitário,

Que tem pudor do riso

E orgulho no canto,

- Esse estranho pranto

Dos sonhos que tem sem se aperceber!...

Gosto do meu Alentejo

De Inverno frio, arrepiante,

Onde só um ventinho cante!

Gosto das suas tardes de Verão,

De calma sufocante,

Onde nem pássaros cantem

E só a cigarra cante!

Gosto da terra!

Da terra que se oferece

Ali, à luz do dia!

Dessa terra fecunda,

Como um ventre macio

Que por amor de Deus

Concebe o Pão – o nosso Pão,

Em toda a imensidão

Duma nudez sem pecado!

Gosto do meu Alentejo só,

Tragicamente mudo

Sob o olhar azul do céu!

Gosto de ver bailar

O silêncio mais a escuridão

Nas noites sem Luar!

E, de dia…

O que impõe o Alentejo,

O que nele me seduz,

É ver o silêncio

Mais a solidão,

A gerar o pão


Em bebedeiras de luz!...



Maria José Travelho Rijo

Primavera de 1955



Fotografia de Helena Raposo
Alentejo Maio08

3 comentários:

Anónimo disse...

Gostei desta tua lente, novamente a Sul...


sê bem-vinda, Euterpe.

Canseiroso disse...

Maio maturação do centeio
Da cevada a madurar de vez
Aloirando com o tempo
Onde espenicam pardais
Bichos que tais
Que te saudam na rima
Encantam e te dão estima
Em trinares de melodia
Como quem ensina
O canto e a espiga
Em fusões de encanto
De cores suaves
Com flores
…………….
E os lírios são lírios
São tristes martírios
Que saudades dão


Beijinhos da gente e muitas felicidades

Nós disse...

Linda foto...adoro os ninhos, as cegonhas....e as torres das igrejas lindas (mesmo a estranha e mesmo que não tenham sinos ...)

Um beijo Amor

IR