Durante muito tempo, desde que , há quase 600 anos quando pela primeira vez, que de saiba, um ser humano pisou uma destas ilhas, foi por mar que se chegou à última fronteira da Europa, aquela que é hoje a Região Autónoma dos Açores, com cerca de 237 413 habitantes. Território de descontinuidade geográfica, no Atlântico nordeste, as ilhas mais próximas da Península Ibérica, Açores, Madeira e Canárias, são hoje colectivamente designadas por Macarronésia, designação com raízes nas lendárias ilhas Afortunadas. Os Açores situam-se no nordeste do Oceano Atlântico entre os 36º e os 43º de latitude Norte e os 31º de longitude Oeste. Dito de outra forma, os territórios que lhe estão mais próximos são a Península Ibérica, a cerca de dois mil km a leste, a Madeira a 1200 km a sueste, Nova Escócia a 2300 km a noroeste e Bermuda a 3500 km a sudoeste...
As primeiras referências às ilhas dos Açores aparecem em documentos portugueses da primeira metade do séc. XV e o povoamento terá começado por volta de 1432, não só com portugueses, vindos na sua maioria do Algarve e Alentejo, mas também com flamengos, bretões e outros europeus e norte-africanos.
O descobrimento do Arquipélago é uma das questões mais controversas da história da navegação portuguesa do séc. XV. Ao certo, sabe-se que Gonçalo Velho chegou à ilha de Santa Maria em 1431, decorrendo nos anos seguintes o (re)descobrimento - ou reconhecimento - das restantes ilhas, no sentido de progressão de leste para oeste (São Miguel, Terceira, São Jorge, Pico, Faial, Graciosa, Corvo, Flores).
A terra era fértil e cheia de potencialidades, tal como é nos nossos dias, mas foi preciso muito trabalho árduo dos colonos, os quais, para cultivarem, tiveram de desbastar densos arvoredos que proporcionavam matéria-prima para exportação, produção escultórica (cedro) e construção naval. O cultivo de cereais e a criação de gado (trazido nas embarcações), foram as actividades predominantes, com o trigo a registar uma produção considerável. A produção de pastel e da urzela e a sua industrialização para exportação destinada a tinturaria, também desempenhou papel relevante na economia. No século XVII, as matérias-primas tintureiras sofreriam uma recessão, sendo substituídas pelo linho e a laranja. A primeira exportação de laranjas surgiu no séc. XVIII.
Em finais de Setecentos, regista-se o inicio de uma das mais expressivas e actividades económicas açorianas: a caça ao cachalote e a outros cetáceos. Na maior ilha açoriana, São Miguel, tanto a produção de chá, tabaco como de álcool e açúcar revelam-se marcantes no séc. XIX para a economia da ilha..
Porquê Açores?
Como já se escreveu, são 9 ilhas, divididas em 3 grupos.O Oriental (São Miguel e Santa Maria, em que um grupo de rochedos e recifes oceânicos, sitos a nordeste de Santa Maria, chamado ilhéu das Formigas, ou simplesmente Formigas, que em conjunto com o recife do Dollabarat, constituem a Reserva Natural do Ilhéu das Formigas, um dos locais mais importantes para conservação da biosfera marinha do nordeste do Atlântico),
As primeiras referências às ilhas dos Açores aparecem em documentos portugueses da primeira metade do séc. XV e o povoamento terá começado por volta de 1432, não só com portugueses, vindos na sua maioria do Algarve e Alentejo, mas também com flamengos, bretões e outros europeus e norte-africanos.
O descobrimento do Arquipélago é uma das questões mais controversas da história da navegação portuguesa do séc. XV. Ao certo, sabe-se que Gonçalo Velho chegou à ilha de Santa Maria em 1431, decorrendo nos anos seguintes o (re)descobrimento - ou reconhecimento - das restantes ilhas, no sentido de progressão de leste para oeste (São Miguel, Terceira, São Jorge, Pico, Faial, Graciosa, Corvo, Flores).
A terra era fértil e cheia de potencialidades, tal como é nos nossos dias, mas foi preciso muito trabalho árduo dos colonos, os quais, para cultivarem, tiveram de desbastar densos arvoredos que proporcionavam matéria-prima para exportação, produção escultórica (cedro) e construção naval. O cultivo de cereais e a criação de gado (trazido nas embarcações), foram as actividades predominantes, com o trigo a registar uma produção considerável. A produção de pastel e da urzela e a sua industrialização para exportação destinada a tinturaria, também desempenhou papel relevante na economia. No século XVII, as matérias-primas tintureiras sofreriam uma recessão, sendo substituídas pelo linho e a laranja. A primeira exportação de laranjas surgiu no séc. XVIII.
Em finais de Setecentos, regista-se o inicio de uma das mais expressivas e actividades económicas açorianas: a caça ao cachalote e a outros cetáceos. Na maior ilha açoriana, São Miguel, tanto a produção de chá, tabaco como de álcool e açúcar revelam-se marcantes no séc. XIX para a economia da ilha..
Porquê Açores?
A atribuição do nome ao arquipélago é outra questão tão controversa quanto a datação da sua descoberta. A explicação mais comum atribui o "baptismo" à abundância de aves identificadas pelos marinheiros portugueses como pertencentes à espécie Açor. Só que a única ave rapina identificada até aos nosso dias no arquipélago é o milhafre (Buteo buteo rotschildi), persistindo dúvidas entre especialistas se ao tempo da descoberta a suposta população de milhafres (que se alimentam de roedores) fosse tão numerosa a ponto de os destacar no meio das grandes populações de aves marinhas e de pombos torcazes, então existentes.
Assim, conforme a Wikipédia, uma explicação bem mais plausível parece ser o aportuguesamento da designação genovesa ou florentina das míticas ilhas azuis. A partir do vocábulo "azzurre", ou "azzorre", isto é azuis, terá nascido o nome Açores hoje usado. Segundo a mesma fonte, o carregado verde azulado da vegetação nativa dos Açores, que então totalmente recobria as ilhas, fazem-nas parecer azuis, mesmo quando vistas a curta distância..
Como já se escreveu, são 9 ilhas, divididas em 3 grupos.O Oriental (São Miguel e Santa Maria, em que um grupo de rochedos e recifes oceânicos, sitos a nordeste de Santa Maria, chamado ilhéu das Formigas, ou simplesmente Formigas, que em conjunto com o recife do Dollabarat, constituem a Reserva Natural do Ilhéu das Formigas, um dos locais mais importantes para conservação da biosfera marinha do nordeste do Atlântico),
o grupo Central (Terceira, S. Jorge, Faial, Pico e Graciosa) e, por fim o grupo Ocidental (Corvo e Flores, esta última o ponto mais ocidental da Europa.. para quem não sabe.. lol).
Por outro lado, o ponto mais alto do arquipélago e de Portugal continental é a montanha da Ilha do Pico ou " o pico do Pico", com a altitude de 2352 metros, cujo cume trespassa as nuvens!!
Por outro lado, o ponto mais alto do arquipélago e de Portugal continental é a montanha da Ilha do Pico ou " o pico do Pico", com a altitude de 2352 metros, cujo cume trespassa as nuvens!!
O clima é temperado, registando-se temperaturas médias de 13ºC no Inverno e de 24ºC no Verão. A corrente do Golfo, que passa relativamente perto, mantém a água do mar a uma temperatura entre os 17ºC e os 23ºC. O ar, esse é HÚMIDO, com a humidade relativa média de cerca de 75%. Dizem os locais, com saber de experiência feita que, nos Açores, chega a "fazer as quatro estações do ano num só dia!"
A origem vulcânica das ilhas revela-se respeitadora particularmente na ilha de São Miguel, famoso vale das Furnas com as suas fumarolas, caldeiras fumegantes e águas quentes. A mais recente actividade terrestre foi o vulcão dos Capelinhos, na ilha do Faial, nos anos 1957 e 1958.
A origem vulcânica das ilhas revela-se respeitadora particularmente na ilha de São Miguel, famoso vale das Furnas com as suas fumarolas, caldeiras fumegantes e águas quentes. A mais recente actividade terrestre foi o vulcão dos Capelinhos, na ilha do Faial, nos anos 1957 e 1958.
Já uma vila dos Açores
Loze ligeira no horizonte.
Será num alto das Flores,
No Pico ou logo de fronte,
Espraiadinha num cume
Ou encolhida em Calheta?
O ser nossa é que resume
Seus amores de pedra preta.
Para vila da Lagoa
Falta-lhe a cidade ao pé,
A distância de Lisboa
Já não me lembro qual é.
Para Vila Franca ser
Falta-lhe o ilhéu à ilharga,
É airosa pra se ver,
Mais comprida do que larga.
Povoação não me parece,
Nos padieiros não condiz,
Aos camiões estremece,
Mas não aguenta juíz.
Pra Ribeira Grande falta-lhe
O José Tavares no quintal,
Rija cantaria salta-lhe
Dos cunhais, branca de cal,
Mas não é Ribeira Grande:
Essa merecia foral!
No dia em que haja quem mande
Será cidade mural.
Nordeste - só enganada
Na vista da Ilha Terceira,
Longe de Ponta Delgada,
Sua sede verdadeira.
Nem Vila do Porto altiva,
A mais velha da fiada,
Em suas ruas cativa
Como princesa encantada.
De cimento a remendaram,
Coroaram-na de aviões,
Mas eternos lhe ficaram
Os bojos dos seus tàlhões.
Se é a Praia da Vitória
Não lhe reconheço a saia:
Enchem-lhe a areia de escória,
Ninguém diz que é a mesma Praia.
Talvez seja Santa Cruz
Da Graciosa, ou a sua Praia,
Com o Carapacho e a Luz
Cheirando a lenha de faia.
De S. Jorge a alva Calheta
Ou a clara vila das Velas,
E o alto, alvadio Topo
Com um monte de pedra preta
Dando realce às janelas.
As Lajes ou o Cais do Pico,
A escoteira Madalena
Vilas são de vinho rico,
Qual delas a mais morena.
Santa Cruz das Flores seria
Essa vila açoriana
Ou as Lajes de cantaria
Do bom Pimentel soberana.
Finalmente, só o Rosário,
Que do Corvo vila é,
Pequena como um armário
Ou um chinelinho de pé.
Mas não é nenhuma delas,
Nem Água de Pau, que o foi,
S. Sebastião, ou Capelas,
Da Terceira arca de boi
Como a nossa Vila Nova,
Que nem chegou a ser vila,
Tão branca na sua cova,
Tão airosa, tão tranquila.
Ah, já sei! É delas, fundo,
Que o muro alvo se perfila
Contra os corsários do mundo
Que invejam a nossa vila,
Nosso povo, na folia
De uma rocha de mar bravo,
Que o Guião da autonomia
Só por morte torna escravo.
Loze ligeira no horizonte.
Será num alto das Flores,
No Pico ou logo de fronte,
Espraiadinha num cume
Ou encolhida em Calheta?
O ser nossa é que resume
Seus amores de pedra preta.
Para vila da Lagoa
Falta-lhe a cidade ao pé,
A distância de Lisboa
Já não me lembro qual é.
Para Vila Franca ser
Falta-lhe o ilhéu à ilharga,
É airosa pra se ver,
Mais comprida do que larga.
Povoação não me parece,
Nos padieiros não condiz,
Aos camiões estremece,
Mas não aguenta juíz.
Pra Ribeira Grande falta-lhe
O José Tavares no quintal,
Rija cantaria salta-lhe
Dos cunhais, branca de cal,
Mas não é Ribeira Grande:
Essa merecia foral!
No dia em que haja quem mande
Será cidade mural.
Nordeste - só enganada
Na vista da Ilha Terceira,
Longe de Ponta Delgada,
Sua sede verdadeira.
Nem Vila do Porto altiva,
A mais velha da fiada,
Em suas ruas cativa
Como princesa encantada.
De cimento a remendaram,
Coroaram-na de aviões,
Mas eternos lhe ficaram
Os bojos dos seus tàlhões.
Se é a Praia da Vitória
Não lhe reconheço a saia:
Enchem-lhe a areia de escória,
Ninguém diz que é a mesma Praia.
Talvez seja Santa Cruz
Da Graciosa, ou a sua Praia,
Com o Carapacho e a Luz
Cheirando a lenha de faia.
De S. Jorge a alva Calheta
Ou a clara vila das Velas,
E o alto, alvadio Topo
Com um monte de pedra preta
Dando realce às janelas.
As Lajes ou o Cais do Pico,
A escoteira Madalena
Vilas são de vinho rico,
Qual delas a mais morena.
Santa Cruz das Flores seria
Essa vila açoriana
Ou as Lajes de cantaria
Do bom Pimentel soberana.
Finalmente, só o Rosário,
Que do Corvo vila é,
Pequena como um armário
Ou um chinelinho de pé.
Mas não é nenhuma delas,
Nem Água de Pau, que o foi,
S. Sebastião, ou Capelas,
Da Terceira arca de boi
Como a nossa Vila Nova,
Que nem chegou a ser vila,
Tão branca na sua cova,
Tão airosa, tão tranquila.
Ah, já sei! É delas, fundo,
Que o muro alvo se perfila
Contra os corsários do mundo
Que invejam a nossa vila,
Nosso povo, na folia
De uma rocha de mar bravo,
Que o Guião da autonomia
Só por morte torna escravo.
Rocha do Mar por Vitorino Nemésio
24 de Abril de 1976